quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

A lenda

                                                A Lenda

             Sempre eu quis estudar, após colocar os meus filhos em uma etapa saindo do curso médio. Tenho quatro filhos biológicos e três enteados. No ano de 2004 consegui entrar em um curso noturno numa escola estadual, E.E.E.M Alberto Pasqualini em um bairro de classe média de baixa rendas, (CIEP), onde fiz a formação do curso médio no Proeja. Me enchi de orgulho ao terminar este curso, e pensei que era tudo encerrar as aulas e alguém poderia me reconhecer como um cidadão de qualidade.  Não aconteceu bem esta ideia. Passei a encarar a minha profissão de eletricista como a solução imediata.   Passaram então dias de dificuldades, e com isto uma situação de melhora estava para acontecer. Um grupo da cidade de Santo Augusto e mais uma entidade de Bento Gonçalves resolveram dar as mãos e acordaram em trazer uma faculdade e curso técnico para esta cidade. Período em que a empresa Oliveira de construções vinda de Santa Catarina, fechou contrato para iniciar e terminar as obras planejadas.  
   Deu-se assim o acordo formalizado. Tudo aconteceu no ano de 2006/ 2007.  Surgiu então o nome de CEFET. Felicidade e curiosidade dos moradores. Nesta época fui convidado a participar da montagem da rede elétrica dos prédios de confinamento e algum prédio, para salas de aula.      Pude nestes dias de obras e trabalhos fazer as minhas tarefas contratadas junto a empresa Oliveira. Porém aconteceu no final do ano de 2007,  minha saúde foi comprometida com um infarto  quase fulminante.  Neste período ainda continuei a fazer trabalhos mais leves, por necessidade de sustentar a minha família. Ao final de 2007 iniciei a caminhada para entrar com a marcação de cirurgia. Ainda assim corajoso e esperançoso fui fazendo o meu compromisso com dedicação. O médico do hospital de Passo Fundo, informou o meu estado como terminal de dois meses de vida, mesmo fazendo a cirurgia tinha 8% de sair da mesa com vida.
  Propôs a um exame com adrenalina para ver a reação do coração. Dei sorte porque o batimento cardíaco disparou como ele esperava. Suspirou de alivio e marcou a minha entrada ao bloco cirúrgico ao dia 25 de março de 2008. Mas até no dia 24 de março um dia que antecedeu a isto, encerrei com os meus compromissos com a escola e com a construtora. Depois que entrei no hospital com parada cardio respiratória recobraram os batimentos, e sobrevivi a este passo. A recomendação foi de usar um marcapasso para reforçar os batimentos que estavam fracos, mesmo com a colocação das pontes de safena. No 3º dia entrei novamente em sala de cirurgia e ao fazer a anestesia ocorreu novamente uma outra parada e desta vez levou quase 15 minutos para a reanimação. Com todos estes sintomas superei e em nove dias após a colocação das safenas e do marca passo, tive a incrível alta.    Fui para minha casa e em três meses comecei a caminhar normalmente , sem ter problemas de cansaço e falta de folego.  Numa vista que fiz ao médico que fez os procedimentos, quase me assustou novamente, ao comentar que o marca passo não estava funcionando, mas sim o coração estava pulsando sozinho. Me deu perspectivas de vida. Para os meses que seguiram fiz a inscrição no vestibular em Licenciatura em computação, no CEFET.  Minha saúde estava cada vez melhor e com isto minhas idéias ficaram mais espertas. Por observação sentia meus pensamentos mais claros.  Com a quantidade de 250 inscritos eu consegui uma colocação de 13º lugar.  
         Nunca tinha imaginado a possibilidade de ser um aluno em um curso superior. Iniciadas as aulas a sensação de começar um compromisso deste tamanho, e de ter na frente da minha casa uma faixa de parabenização pelo meu feito, e dado pela minha esposa.  Fiquei mais feliz ainda por conseguir isto.  Não me recordo quando foi trocado o nome de CEFET para Instituto Federal Farroupilha-Campus santo Augusto.  Mas lembro a dificuldade de atravessar a avenida em frente ao Campus com um atoleiro incrível, reclamação esta que era feito por todos que tinham este trajeto  de  ida e vinda. A promessa era que uma parte da avenida foi um deposito de lixo da cidade e que deveria ser retirado pelo menos 200 caminhões de entulho e após ensaibrar para sustentar  o futuro trafego e carros. Ao 2º ano em uma matéria de matemática , fiquei com problema auditivo, e a minha visão para perto também. Num determinado tempo em que eu precisei de escutar melhor construí um aparelho para usar como amplificador de som.Peguei de um radio portátil, desliguei a parte de recepção e adaptei um fone de ouvido para poder escutar. Comprei óculos para enxergar perto, mas não era de grau, a chamada lupa, para  aproximar. Num dia de provas me aconteceu um inusitado problema o fone enroscou no óculos , rebentou os fios do fone e ainda por cima quebrou o aro doa lupa. Fiz a prova de matemática sem o som, fiquei completamente surdo e usando um monóculo. Não resolvi meu problema e ainda a minha nota foi baixa. Meses se passaram e consegui entrar no quarto semestre e no final de Novembro me deram o convite para ser um membro do PIBID. Dia 02 de novembro de 2010 foi o meu primeiro dia de aula na escola Municipal Sol Nascente.  Pensei ser uma questão de ficar sem coragem de enfrentar uma turma. Qual a minha surpresa ao  conseguir mostrar à turma algo novo em minha vida.  Então ao passar os períodos, cada vez mais  com segurança e com modos de um docente.Para o ano de 2013 e incio de 2014 o sistema de atuar no PIBID se modificou para melhorar a orientação pedagógica. No dia 14 de março iniciamos nossas reuniões de assimilação de idéias, e troca de opiniões ao procedimento para ser um docente. Períodos de estudos e pesquisas com datas pré determinadas para fazer os trabalhos. Uma das apresentações foi iniciada para o segundo semestre em que a apresentação seria na cidade de São Vicente do sul, bem como foi previsto. Um trabalho que estudamos foi a dificuldade visual com alunos.      Assim entendemos a razão de um estudante participar com inclusão e ser capacitado na sua vida. Meus dias de Gloria foram tantos que com a idade que tenho e com as dificuldades superadas tenho vontade de prosseguir numa pós graduação e adquirir mais conhecimentos. Neste ano de 2015 vou completar 61 anos bem vividos, e com empolgação e também motivado para entrar numa sala de aula para mostrar aos alunos como é resolvido seus problemas em informática. Se ainda aceitarem a minha presença como docente no PIBID vou levar minha empolgação como uma ferramenta de vivência.
      Para tanto meus caros colegas e professores meu apelido da "Lenda" foi dado a mim como um carinhoso reconhecimento pela minha longevidade histórica neste instituto Federal. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário